Dividendos
Crédito: Canva

 

A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic para 10,75% ao ano trouxe um novo cenário para os investidores, principalmente aqueles voltados para a renda variável. Historicamente, os momentos de alta nos juros beneficiam aplicações mais conservadoras, como títulos de renda fixa. No entanto, algumas empresas do índice Ibovespa continuam entregando dividendos acima desse percentual, o que mantém o apelo de suas ações mesmo diante de um cenário de aperto monetário.

 

Dividendos acima da Selic: Quem lidera o ranking?

Entre as empresas que mais recompensaram seus investidores nos últimos 12 meses, a Petrobras se destaca de maneira significativa. As ações preferenciais da estatal (PETR4) ofereceram um rendimento de dividendos de 19,28%, enquanto as ações ordinárias (PETR3) proporcionaram 17,5%. Esses números colocam a Petrobras no topo da lista, mesmo com a taxa Selic em ascensão.

 

Outras empresas que figuram entre as principais pagadoras de dividendos incluem a Cemig (CMIG4), com um retorno de 16,3%, e a Auren (AURE3), com 13,63%. No segmento de commodities, CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3) também se destacam, com pagamentos de 12,11% e 12,01%, respectivamente. A Caixa Seguridade (CXSE3), por sua vez, entregou 11,7% em dividendos, fechando o grupo das maiores pagadoras.

 

Petrobras: Continuidade nos dividendos elevados?

A Petrobras, com seu posicionamento dominante, deve continuar sendo uma das principais fontes de dividendos nos próximos anos. De acordo com análises da Ágora Investimentos, a petroleira segue como a “TopPick” do setor de energia. A corretora estima que, para o fim de 2025, a empresa pague 14,1% do seu valor de mercado em dividendos, o que representa uma queda em relação aos 19,28% dos últimos 12 meses, mas ainda um retorno robusto.

 

No entanto, esse rendimento pode variar. A volatilidade dos preços do petróleo e possíveis decisões estratégicas, como fusões ou aquisições de grande porte, poderiam afetar negativamente os dividendos. Mesmo assim, a empresa ainda é vista como uma boa oportunidade de compra. A expectativa da Ágora é de que o preço-alvo da ação atinja R$ 48 até o fim de 2025, o que representaria uma valorização de cerca de 29% em relação ao valor atual de R$ 37.

 

O Papel do Governo nos Dividendos da Petrobras

O interesse governamental nos dividendos da Petrobras também é um fator relevante. O governo federal, que detém 28,7% da empresa, projeta receber R$ 14,6 bilhões em dividendos até 2025. Este montante, quando extrapolado para 100% das ações, sugere que a Petrobras deverá pagar aproximadamente R$ 50,9 bilhões em dividendos ao longo do ano. Esse número supera em 7% as expectativas anteriores do BTG Pactual, que previa um valor de R$ 47,6 bilhões.

 

Cemig: Expectativa de retorno abaixo da Selic

Por outro lado, a Cemig, que ocupa a terceira posição no ranking atual de dividendos, não deverá manter a mesma performance no futuro próximo. A estimativa da Ágora Investimentos é que a empresa pague cerca de 9,4% do seu valor de mercado em dividendos nos próximos 12 meses, um valor abaixo da taxa Selic atual. O cenário da companhia mineira é complicado pela falta de avanços em sua privatização e pelos desafios operacionais no setor de geração e transmissão de energia.

 

A Cemig enfrenta também dificuldades operacionais que refletem em sua performance. As perdas de energia e o aumento das despesas com dívidas incobráveis afetaram negativamente os resultados no segundo trimestre de 2024, com uma queda de 11% no Ebitda ajustado no segmento de geração e transmissão. O BTG Pactual estima que a empresa pague 4,6% em dividendos até 2025, mantendo uma perspectiva neutra para suas ações.

 

Considerações finais e perspectivas

Os dividendos continuam sendo uma estratégia atrativa para investidores em busca de retorno consistente, especialmente em tempos de juros elevados. Embora a Petrobras siga como destaque e mantenha a liderança entre as pagadoras de dividendos, outras empresas enfrentam desafios para continuar superando a taxa Selic.

 

É importante que os investidores observem atentamente as mudanças nos cenários macroeconômico e empresarial, lembrando que o desempenho passado não garante ganhos futuros. A alocação de capital deve considerar o risco atrelado às flutuações de mercado e às especificidades de cada empresa, como a dependência da Petrobras dos preços do petróleo e as dificuldades estruturais da Cemig.

Compartilhe nas redes sociais

Postagens relacionadas